Sou
Sanza-Bix. Tinha por volta de oitenta anos terrestres de idade (mas tinha a
aparência de um homem da Terra entrando na casa dos vinte anos) quando nossa
espaçonave aterrissou no planeta Maldec. Mais de 300 anos de vôos espaciais
(milhares deles) entre os planetas Gracyea e Maldec precediam nosso vôo. Eu
nunca visitara Maldec.
Durante a jornada a partir de Gracyea, que durou
aproximadamente 12 dias terrestres, meus companheiros e eu recapitulamos
inúmeras vezes nossos planos para a construção de edificações de projeto sagrado
no planeta por vocês chamado Marte. Devíamos nos reunir a nossos colegas
maldequianos e fazer os arranjos finais para iniciar a fase marciana de nosso
projeto.
Sou
Sanza-Bix. Tinha por volta de oitenta anos terrestres de idade (mas tinha a
aparência de um homem da Terra entrando na casa dos vinte anos) quando nossa
espaçonave aterrissou no planeta Maldec. Mais de 300 anos de vôos espaciais
(milhares deles) entre os planetas Gracyea e Maldec precediam nosso vôo. Eu
nunca visitara Maldec. Durante a jornada a partir de Gracyea, que durou
aproximadamente 12 dias terrestres, meus companheiros e eu recapitulamos
inúmeras vezes nossos planos para a construção de edificações de projeto sagrado
no planeta por vocês chamado Marte. Devíamos nos reunir a nossos colegas
maldequianos e fazer os arranjos finais para iniciar a fase marciana de nosso
projeto.
Talvez
lhes interesse saber que um de nossos propósitos ao construir as pirâmides na
Terra, Marte e Vênus era usar as estruturas acabadas para transportar pessoas
(corpo e alma) e produtos instantaneamente de um planeta a outro, eliminando,
assim, espaçonaves e o tempo gasto em viagens
interestelares.
Os maldequianos nos falaram
a verdade quando disseram que fora o desejo de nossos professores comuns, o
uranianos, estabelecer essa forma de transporte, usando portões estelares, entre
os povos de vários sistemas solares visando ao benefício de todos. Sabe-se agora
que os uranianos haviam concluído com êxito uma dessas conexões por meio de
portão estelar* com o terceiro planeta do sistema solar/estelar
Bantavalia. Essa conexão ficou desestruturada depois que eles, repentinamente,
romperam relações com os maldequianos, recolhendo-se a um estado no qual não
mais reproduzirão sua própria espécie, nem terão qualquer relação com outras
raças (com exceção raramente os nodianos). Embora nossa intenção fosse concluir
o projeto de portão estelar anteriormente proposto pelos antigos professores de
Urano, os maldequianos tinham outros planos, que não nos revelaram, de construir
pirâmides na Terra, Marte e Vênus.
Fui um
dos 36 gracianos que chegaram a Maldec durante minha primeira vida. Permanecemos
a bordo de nossa nave até que Karyo-Belum, à época o embaixador graciano em
Maldec, entrou em contato fisicamente conosco.
Dentro
de uma hora Karyo-Belum chegou juntamente com seu assistente graciano,
Halp-Donax, e dois maldequianos (um era darmin, o outro quain). O quain
Ottannor-Micdin foi designado nosso guardião e guia. Os dois pequenos aéreos
carros gracianos tiveram de fazer aproximadamente 15 viagens para levar a nós e
nossos pertences pessoais a residência que nos foi designada. Cada viagem de ida
e volta levava mais que uma hora.
A
residência era uma bela estrutura de mil anos de idade que fora construída pelos
uranianos. Estendia-se sobre e sob mais de 12 hectares de‘terra. Podia-se
transpor montes de capim ceifado e, de repente, dar com uma parte do edifício
que parecia estar irrompendo ou nascendo do subterrâneo. De vez em quando,
encontrava-se uma clarabóia no topo de um monte. Essas clarabóias consistiam de
uma membrana transparente que se expandia e contraía lentamente. Durante sua
expansão a membrana silenciosamente expelia qualquer molécula de gás dispensável
ao ambiente vital dentro do edifício.
Ao
entrar na estrutura, encontramos uma variedade do que vocês chamariam animais
selvagens que podiam vagar livres pelo edifício. Esses grandes felinos,
canídeos, paquidermes e várias outras espécie (todos animais de Maldec) não
exibiam nenhuma forma de comportamento agressivo para com as pessoas ou entre si
— ou seja, contanto que estivessem dentro do edifício. Contudo, quando estavam
ao ar livre apresentavam seus comportamentos agressivos naturais. Vários dos
animais de Maldec eram semelhantes aos da Terra atual, só que tinham
aproximadamente duas vezes o seu tamanho. A única criatura maldequiana de que
tenho notícia nunca existiu na Terra: tinha pelagem com pequenas manchas brancas
e azuis. Parecia um cruzamento entre um coelho e um dinossauro de língua
bifurcada. Dava saltos e tinha cerca de 1,2 metro de altura. Nosso guardião e
guia maldequiano, Ottannor-Micdin, como qualquer outro de sua raça, não entrava
no edifício. Deixou-nos na entrada depois de nos entregar aos cuidados de um
simm chamado Pallobey. Sempre apreciei a companhia dos simms. Seu planeta natal,
como vocês sabem, localiza-se no mesmo sistema solar /estelar (Lalm) que o meu
planeta natal de Gracyea.
Aproximadamente 200 simms e 500 gracianos moravam naquela antiga maravilha
arquitetônica uraniana. Os corredores, saguões e aposentos de nossa residência
eram construídos tanto de materiais naturais como sintéticos. Alguns blocos de
material sintético absorviam os gases desprendidos pelas membranas da clarabóia
descrita anteriormente. Outros produziam luz quando tocados. Alguns produziam ar
frio ou aquecido. Ao se tocar uma pedra sintética emoldurada por esmeraldas
naturais, podia-se ouvir uma linda música, mas apenas a pessoa que tocara na
pedra a ouvia. Pensamentos simples podiam aumentar o volume ou interromper a
música. Quem me dera saber agora a composição dessas pedras sintéticas, e de
onde vinha aquela música. confortante. Nós, gracianos, fazíamos nossas comidas
com os simms em qualquer das várias salas de jantar. A comida era obtida,
preparada e servida pelo simms.
Nós,
gracianos, cada qual tinha um quarto e banheiro privativos. O interior desses
aposentos, bem como todos os demais cômodos ou corredores do edifício podiam ter
seu tamanho aumentado ou diminuído. No centro da maioria dos cômodos havia um
bloco de pedra sintética que batia mais ou menos na cintura. Encaixados no bloco
havia vários diapasões. Ao se fazer soar um ou mais deles, as paredes de pedra,
que chegavam a pesar 100 toneladas, silenciosamente se deslocavam para cima,
para baixo ou para os lados. O conhecimento dos tons corretos permitia que a
pessoa ampliasse ou reduzisse o tamanho de um cômodo. Muitas vezes me perdi
quando um corredor no qual passara anteriormente já não existia, pois alguém
deixara lá uma parede, fechando o corredor. Acabei aprendendo o que significavam
os antigos símbolos uranianos de ― siga nesta direção.
Era
verão nesta latitude e todas as manhãs (de um dia de 34 horas) nós, gracianos,
reuníamos numa grande tenda verde com vários maldequianos que eram nosso elo com
seus líderes. Durante nossas reuniões discutíamos o que seria necessário para
dar início a nossas construções em Marte. Depois de aproximadamente dois meses e
meio terrestres, concluímos que estávamos prontos para
começar.
Como
presente de despedida nós, gracianos, fomos levados por nosso guardião
maldequiano, Ottannor-Micdin, a uma excursão aérea monitorada a alguns dos
antigos edifícios uranianos que pontilhavam a superfície do planeta. Mais de 30%
desses edifícios estavam vazios — ou seja, o maldequianos não entravam neles.
Diziam ser sua maneira de demonstrar respeito e reverência aos que os
construíram. Os restantes 70% dos edifícios eram usados pelo maldequianos.
Descobrimos depois que o quains não conseguiam tolerar as vibrações benignas
originadas do campo vital universal atraídas por alguns dos edifícios. Também
ficamos sabendo (tarde demais) que os edifícios utilizados pelos maldequianos
tinham sido remodelados de forma imperceptível mesmo a olhos altamente
treinados. Os maldequianos tencionavam alterar todos os antigos edifícios de
seu planeta.
Quando
deixamos Maldec, todos os gracianos, exceto nosso embaixador, Karyo-Belum e seu
assistente, partiram rumo a dois destinos separados — Terra e Marte. Essa foi
minha primeira e última visita ao planeta Maldec. Foram necessários cerca de
oito dias terrestres para alcançar o planeta Marte, dada a velocidade por ele
atingida em sua órbita solar.
Nossa
viagem a partir de Maldec finalmente terminou quando nós, gracianos, em número
de 334, aterrissamos na planície marciana por vocês chamada Cidônia. Fomos
saudados por dois integrantes de nossa raça, um dos quais tinha um olho preto.
Os dois portavam escudos marcianos. Disseram que passaram a carregar os escudos
para desviar as pedras atiradas às vezes pelas crianças marcianas contra eles.
Mostraram uma pilha de escudos ali perto, aconselhando-nos, a cada qual de nós,
a pegar um. Os escudos eram presente do zone-rex marciano
Rancer-Carr.
Ao
entardecer, o topo dos muros do complexo de edificações por vocês denominado
Cidadela (a sede do zone-rex) era iluminado por tochas que ardiam até o
amanhecer. Os que chegaram antes de nós, os recém-chegados gracianos,
disseram-nos para tirar da cabeça qualquer pensamento de entrar na Cidadela.
Ficamos, obviamente, muito decepcionados ao ficar sabendo que não éramos
bem-vindos para observar e estudar os numerosos edifícios antigos uranianos
existentes dentro por trás de seus muros.
Nós,
gracianos, passamos nossa primeira noite em Marte a bordo de nossa espaçonave.
Quando nos levantamos ao amanhecer para contemplar o sol nascente e fazer nossas
preces, reparei numa solitária figura parada a considerável distância ao lado de
um camelo ajoelhado. Quando concluímos nossas orações, vi o homem montar seu
camelo e conduzi-lo rumo à Cidadela. Quando se aproximou, os grandes portões se
abriram e dois guardas marcianos ajoelharam-se numa perna enquanto seguravam
firme com ambas as mãos o punho de grandes espadas de folha larga fincadas no
solo diante deles. Não nos foi difícil concluir que o cavaleiro montado no
camelo era Rancer Carr, o zone-rex do planeta Marte.
Entre os
gracianos que chegaram primeiro em Marte estava Tixer-Chock que, juntamente com
vários outros, já concluíra a ― afinação dos materiais naturais da região, tendo
fabricado os diapasões dos quais, nós, os construtores, precisaríamos como
ferramentas para cortar, desbastar e polir, deslocar e assentar os blocos de
construção em suas respectivas edificações. Quando Tixer-Chock foi-se embora
para a Terra, aconselhou-nos com veemência a não visitar a montanha sagrada
marciana de Daren e usarmos de toda nossa diplomacia com os marcianos. O
procedimento para resolver qualquer problema com os marcianos locais era enviar
Gike-Nex, nosso colega que falava marciano, aos portões da Cidadela para gritar
nossas inquietações. Se dentro de uma hora saísse da Cidadela um cavaleiro
montado num camelo e viesse na direção da cidade de Graniss, poderíamos ter
certeza de que o zone-rex estava fazendo algo em relação a nosso problema. Se
não saísse nenhum cavaleiro da Cidadela, considerávamos isso um sinal de que o
zone-rex esperava que cuidássemos da situação como
pudéssemos.
Cerca de
um mês terrestre depois de minha chegada em Marte, nossa mão-de-obra reltiana
(vinda dos planetóides de Júpiter) começaram a chegar em várias
fases.
Depois
que os reltianos e todo nosso equipamento de construção foram acomodados na
planície de Cidônia, iniciamos nosso trabalho. Em honra de nossos antigos
professores uranianos começamos a esculpir a face daquele que fora o chefe dos
primeiros professores a vir a nosso planeta natal, Gracyea. Seu nome era Sormel.
Nossa esperança era que esse monumento agradasse os professores e os trouxesse
de volta a nós de onde quer que se encontrassem. Queremos que eles vejam que
nós, seus alunos, estávamos levando adiante seu plano divino. O zone-rex
marciano aprovou esse monumento aos professores. Os maldequianos secretamente
não aprovavam, mas nada podiam fazer a esse respeito na época. Se o plano
maldequiano para as pirâmides tivesse sido bem-sucedido, eles provavelmente
teriam destruído uma boa parte de Cidônia ou de algum modo a teriam desfigurado.
Tenho certeza de que teria sido uma emoção diabólica a qual eles não
conseguiriam resistir.
Foi na
época em que estávamos esculpindo a grande face do professor Sormel que conheci
Nisor de Moor, que viera a Marte de Wayda (Vênus) na qualidade de representante
da casa de comércio nodiana de Domphey. Vi, com meu amigo Soakee-Loom, Nisor
indo embora de Marte numa espaçonave evidentemente em mau estado de
funcionamento pertencente à casa de comércio nodiana de Cre‘
ator.
Nosso
trabalho em Marte teve início aproximadamente 18 meses terrestres antes de
começarmos a construção das pirâmides de Mir (Egito) e da cidade de Miradol
(Teotihuacán, México) na Terra. Muito pouco tínhamos a concluir em Marte quando
Maldec foi destruído. Era noite em Cidônia quando se deu a tragédia. Durante o
trágico acontecimento vários de nossos edifícios que tinham sido construídos
segundo a ordem da geometria sagrada emitiram sons ensurdecedores. Nuvens de pó
elevaram-se acima da região, tornando muito difícil enxergar mais que uns poucos
metros à frente. De manhã, todos sabiam o que acontecera.
Comunicamo-nos telepaticamente com nossa gente na Terra, apenas para descobrir
que ela estava sendo massacrada pelos krates maldequianos. Dispúnhamos de apenas
quatro espaçonaves em Marte, que foram imediatamente enviadas à Terra juntamente
com todos os carros aéreos que tínhamos para ajudar nossa gente no que fosse
possível. A maior parte de nossa frota espacial local estava baseada em
Maldec.
Ao
meio-dia daquele dia, o zone-rex convocou-nos a nós, gracianos, para uma reunião
na Cidadela. Depois de entrar no complexo, demos com a visão de uma espaçonave
negra exibindo os símbolos das casas de comércio nodianas de Cre‘ ator e Vonnor.
A nave aterrissara em algum momento durante a noite, sem que víssemos. Numa
plataforma de pedra no centro do complexo, encontrava-se o zone-rex marciano
Rancer-Carr, e cinco nodianos. Um nodiano que falava nosso idioma nos contou que
logo chegariam a Marte espaçonaves provenientes de Nodia para levar os gracianos
que desejassem retornar a nosso planeta natal. Informaram-nos que sentiam não
poder ajudar nossa gente na Terra nem levar a qualquer de nós para
lá.
Nos
dias que se seguiram, chegaram naves nodianas, conforme prometido. Fui um dos
gracianos que se encontravam a bordo do primeiro ― pássaro negro (como
chamávamos as espaçonaves nodianas) que saiu de Marte. Nunca passei toda uma
vida no planeta Terra, portanto não serei de nenhuma ajuda para descrever épocas
passadas da Barreira de Freqüência no planeta.
Vários
outros fatos poderiam interessar quem vem acompanhando as várias narrativas de
acontecimentos passados na Terra depois da destruição de Maldec. O marido de Doy
de Maldec, conhecido como príncipe Andart em sua primeira vida, foi identificado
durante uma recente corporificação na Terra como coronel Claus von Stauffenberg.
Sabe-se que o coronel von Stauffenberg foi responsável pela colocação e
detonação de uma bomba no lugar em que se encontrava Adolf Hitler. Essa
tentativa de assassinato fracassou e Stauffenberg (Andart) foi posterior-mente
capturado e executado. Parece que Andart ainda estava tentando parar a
matança.
Talvez
lhes interesse saber que um de nossos propósitos ao construir as pirâmides na
Terra, Marte e Vênus era usar as estruturas acabadas para transportar pessoas
(corpo e alma) e produtos instantaneamente de um planeta a outro, eliminando,
assim, espaçonaves e o tempo gasto em viagens
interestelares.
Os maldequianos nos falaram
a verdade quando disseram que fora o desejo de nossos professores comuns, o
uranianos, estabelecer essa forma de transporte, usando portões estelares, entre
os povos de vários sistemas solares visando ao benefício de todos. Sabe-se agora
que os uranianos haviam concluído com êxito uma dessas conexões por meio de
portão estelar* com o terceiro planeta do sistema solar/estelar
Bantavalia. Essa conexão ficou desestruturada depois que eles, repentinamente,
romperam relações com os maldequianos, recolhendo-se a um estado no qual não
mais reproduzirão sua própria espécie, nem terão qualquer relação com outras
raças (com exceção raramente os nodianos). Embora nossa intenção fosse concluir
o projeto de portão estelar anteriormente proposto pelos antigos professores de
Urano, os maldequianos tinham outros planos, que não nos revelaram, de construir
pirâmides na Terra, Marte e Vênus.
Fui um
dos 36 gracianos que chegaram a Maldec durante minha primeira vida. Permanecemos
a bordo de nossa nave até que Karyo-Belum, à época o embaixador graciano em
Maldec, entrou em contato fisicamente conosco.
Dentro
de uma hora Karyo-Belum chegou juntamente com seu assistente graciano,
Halp-Donax, e dois maldequianos (um era darmin, o outro quain). O quain
Ottannor-Micdin foi designado nosso guardião e guia. Os dois pequenos aéreos
carros gracianos tiveram de fazer aproximadamente 15 viagens para levar a nós e
nossos pertences pessoais a residência que nos foi designada. Cada viagem de ida
e volta levava mais que uma hora.
A
residência era uma bela estrutura de mil anos de idade que fora construída pelos
uranianos. Estendia-se sobre e sob mais de 12 hectares de‘terra. Podia-se
transpor montes de capim ceifado e, de repente, dar com uma parte do edifício
que parecia estar irrompendo ou nascendo do subterrâneo. De vez em quando,
encontrava-se uma clarabóia no topo de um monte. Essas clarabóias consistiam de
uma membrana transparente que se expandia e contraía lentamente. Durante sua
expansão a membrana silenciosamente expelia qualquer molécula de gás dispensável
ao ambiente vital dentro do edifício.
Ao
entrar na estrutura, encontramos uma variedade do que vocês chamariam animais
selvagens que podiam vagar livres pelo edifício. Esses grandes felinos,
canídeos, paquidermes e várias outras espécie (todos animais de Maldec) não
exibiam nenhuma forma de comportamento agressivo para com as pessoas ou entre si
— ou seja, contanto que estivessem dentro do edifício. Contudo, quando estavam
ao ar livre apresentavam seus comportamentos agressivos naturais. Vários dos
animais de Maldec eram semelhantes aos da Terra atual, só que tinham
aproximadamente duas vezes o seu tamanho. A única criatura maldequiana de que
tenho notícia nunca existiu na Terra: tinha pelagem com pequenas manchas brancas
e azuis. Parecia um cruzamento entre um coelho e um dinossauro de língua
bifurcada. Dava saltos e tinha cerca de 1,2 metro de altura. Nosso guardião e
guia maldequiano, Ottannor-Micdin, como qualquer outro de sua raça, não entrava
no edifício. Deixou-nos na entrada depois de nos entregar aos cuidados de um
simm chamado Pallobey. Sempre apreciei a companhia dos simms. Seu planeta natal,
como vocês sabem, localiza-se no mesmo sistema solar /estelar (Lalm) que o meu
planeta natal de Gracyea.
Aproximadamente 200 simms e 500 gracianos moravam naquela antiga maravilha
arquitetônica uraniana. Os corredores, saguões e aposentos de nossa residência
eram construídos tanto de materiais naturais como sintéticos. Alguns blocos de
material sintético absorviam os gases desprendidos pelas membranas da clarabóia
descrita anteriormente. Outros produziam luz quando tocados. Alguns produziam ar
frio ou aquecido. Ao se tocar uma pedra sintética emoldurada por esmeraldas
naturais, podia-se ouvir uma linda música, mas apenas a pessoa que tocara na
pedra a ouvia. Pensamentos simples podiam aumentar o volume ou interromper a
música. Quem me dera saber agora a composição dessas pedras sintéticas, e de
onde vinha aquela música. confortante. Nós, gracianos, fazíamos nossas comidas
com os simms em qualquer das várias salas de jantar. A comida era obtida,
preparada e servida pelo simms.
Nós,
gracianos, cada qual tinha um quarto e banheiro privativos. O interior desses
aposentos, bem como todos os demais cômodos ou corredores do edifício podiam ter
seu tamanho aumentado ou diminuído. No centro da maioria dos cômodos havia um
bloco de pedra sintética que batia mais ou menos na cintura. Encaixados no bloco
havia vários diapasões. Ao se fazer soar um ou mais deles, as paredes de pedra,
que chegavam a pesar 100 toneladas, silenciosamente se deslocavam para cima,
para baixo ou para os lados. O conhecimento dos tons corretos permitia que a
pessoa ampliasse ou reduzisse o tamanho de um cômodo. Muitas vezes me perdi
quando um corredor no qual passara anteriormente já não existia, pois alguém
deixara lá uma parede, fechando o corredor. Acabei aprendendo o que significavam
os antigos símbolos uranianos de ― siga nesta direção.
Era
verão nesta latitude e todas as manhãs (de um dia de 34 horas) nós, gracianos,
reuníamos numa grande tenda verde com vários maldequianos que eram nosso elo com
seus líderes. Durante nossas reuniões discutíamos o que seria necessário para
dar início a nossas construções em Marte. Depois de aproximadamente dois meses e
meio terrestres, concluímos que estávamos prontos para
começar.
Como
presente de despedida nós, gracianos, fomos levados por nosso guardião
maldequiano, Ottannor-Micdin, a uma excursão aérea monitorada a alguns dos
antigos edifícios uranianos que pontilhavam a superfície do planeta. Mais de 30%
desses edifícios estavam vazios — ou seja, o maldequianos não entravam neles.
Diziam ser sua maneira de demonstrar respeito e reverência aos que os
construíram. Os restantes 70% dos edifícios eram usados pelo maldequianos.
Descobrimos depois que o quains não conseguiam tolerar as vibrações benignas
originadas do campo vital universal atraídas por alguns dos edifícios. Também
ficamos sabendo (tarde demais) que os edifícios utilizados pelos maldequianos
tinham sido remodelados de forma imperceptível mesmo a olhos altamente
treinados. Os maldequianos tencionavam alterar todos os antigos edifícios de
seu planeta.
Quando
deixamos Maldec, todos os gracianos, exceto nosso embaixador, Karyo-Belum e seu
assistente, partiram rumo a dois destinos separados — Terra e Marte. Essa foi
minha primeira e última visita ao planeta Maldec. Foram necessários cerca de
oito dias terrestres para alcançar o planeta Marte, dada a velocidade por ele
atingida em sua órbita solar.
Nossa
viagem a partir de Maldec finalmente terminou quando nós, gracianos, em número
de 334, aterrissamos na planície marciana por vocês chamada Cidônia. Fomos
saudados por dois integrantes de nossa raça, um dos quais tinha um olho preto.
Os dois portavam escudos marcianos. Disseram que passaram a carregar os escudos
para desviar as pedras atiradas às vezes pelas crianças marcianas contra eles.
Mostraram uma pilha de escudos ali perto, aconselhando-nos, a cada qual de nós,
a pegar um. Os escudos eram presente do zone-rex marciano
Rancer-Carr.
Ao
entardecer, o topo dos muros do complexo de edificações por vocês denominado
Cidadela (a sede do zone-rex) era iluminado por tochas que ardiam até o
amanhecer. Os que chegaram antes de nós, os recém-chegados gracianos,
disseram-nos para tirar da cabeça qualquer pensamento de entrar na Cidadela.
Ficamos, obviamente, muito decepcionados ao ficar sabendo que não éramos
bem-vindos para observar e estudar os numerosos edifícios antigos uranianos
existentes dentro por trás de seus muros.
Nós,
gracianos, passamos nossa primeira noite em Marte a bordo de nossa espaçonave.
Quando nos levantamos ao amanhecer para contemplar o sol nascente e fazer nossas
preces, reparei numa solitária figura parada a considerável distância ao lado de
um camelo ajoelhado. Quando concluímos nossas orações, vi o homem montar seu
camelo e conduzi-lo rumo à Cidadela. Quando se aproximou, os grandes portões se
abriram e dois guardas marcianos ajoelharam-se numa perna enquanto seguravam
firme com ambas as mãos o punho de grandes espadas de folha larga fincadas no
solo diante deles. Não nos foi difícil concluir que o cavaleiro montado no
camelo era Rancer Carr, o zone-rex do planeta Marte.
Entre os
gracianos que chegaram primeiro em Marte estava Tixer-Chock que, juntamente com
vários outros, já concluíra a ― afinação dos materiais naturais da região, tendo
fabricado os diapasões dos quais, nós, os construtores, precisaríamos como
ferramentas para cortar, desbastar e polir, deslocar e assentar os blocos de
construção em suas respectivas edificações. Quando Tixer-Chock foi-se embora
para a Terra, aconselhou-nos com veemência a não visitar a montanha sagrada
marciana de Daren e usarmos de toda nossa diplomacia com os marcianos. O
procedimento para resolver qualquer problema com os marcianos locais era enviar
Gike-Nex, nosso colega que falava marciano, aos portões da Cidadela para gritar
nossas inquietações. Se dentro de uma hora saísse da Cidadela um cavaleiro
montado num camelo e viesse na direção da cidade de Graniss, poderíamos ter
certeza de que o zone-rex estava fazendo algo em relação a nosso problema. Se
não saísse nenhum cavaleiro da Cidadela, considerávamos isso um sinal de que o
zone-rex esperava que cuidássemos da situação como
pudéssemos.
Cerca de
um mês terrestre depois de minha chegada em Marte, nossa mão-de-obra reltiana
(vinda dos planetóides de Júpiter) começaram a chegar em várias
fases.
Depois
que os reltianos e todo nosso equipamento de construção foram acomodados na
planície de Cidônia, iniciamos nosso trabalho. Em honra de nossos antigos
professores uranianos começamos a esculpir a face daquele que fora o chefe dos
primeiros professores a vir a nosso planeta natal, Gracyea. Seu nome era Sormel.
Nossa esperança era que esse monumento agradasse os professores e os trouxesse
de volta a nós de onde quer que se encontrassem. Queremos que eles vejam que
nós, seus alunos, estávamos levando adiante seu plano divino. O zone-rex
marciano aprovou esse monumento aos professores. Os maldequianos secretamente
não aprovavam, mas nada podiam fazer a esse respeito na época. Se o plano
maldequiano para as pirâmides tivesse sido bem-sucedido, eles provavelmente
teriam destruído uma boa parte de Cidônia ou de algum modo a teriam desfigurado.
Tenho certeza de que teria sido uma emoção diabólica a qual eles não
conseguiriam resistir.
Foi na
época em que estávamos esculpindo a grande face do professor Sormel que conheci
Nisor de Moor, que viera a Marte de Wayda (Vênus) na qualidade de representante
da casa de comércio nodiana de Domphey. Vi, com meu amigo Soakee-Loom, Nisor
indo embora de Marte numa espaçonave evidentemente em mau estado de
funcionamento pertencente à casa de comércio nodiana de Cre‘
ator.
Nosso
trabalho em Marte teve início aproximadamente 18 meses terrestres antes de
começarmos a construção das pirâmides de Mir (Egito) e da cidade de Miradol
(Teotihuacán, México) na Terra. Muito pouco tínhamos a concluir em Marte quando
Maldec foi destruído. Era noite em Cidônia quando se deu a tragédia. Durante o
trágico acontecimento vários de nossos edifícios que tinham sido construídos
segundo a ordem da geometria sagrada emitiram sons ensurdecedores. Nuvens de pó
elevaram-se acima da região, tornando muito difícil enxergar mais que uns poucos
metros à frente. De manhã, todos sabiam o que acontecera.
Comunicamo-nos telepaticamente com nossa gente na Terra, apenas para descobrir
que ela estava sendo massacrada pelos krates maldequianos. Dispúnhamos de apenas
quatro espaçonaves em Marte, que foram imediatamente enviadas à Terra juntamente
com todos os carros aéreos que tínhamos para ajudar nossa gente no que fosse
possível. A maior parte de nossa frota espacial local estava baseada em
Maldec.
Ao
meio-dia daquele dia, o zone-rex convocou-nos a nós, gracianos, para uma reunião
na Cidadela. Depois de entrar no complexo, demos com a visão de uma espaçonave
negra exibindo os símbolos das casas de comércio nodianas de Cre‘ ator e Vonnor.
A nave aterrissara em algum momento durante a noite, sem que víssemos. Numa
plataforma de pedra no centro do complexo, encontrava-se o zone-rex marciano
Rancer-Carr, e cinco nodianos. Um nodiano que falava nosso idioma nos contou que
logo chegariam a Marte espaçonaves provenientes de Nodia para levar os gracianos
que desejassem retornar a nosso planeta natal. Informaram-nos que sentiam não
poder ajudar nossa gente na Terra nem levar a qualquer de nós para
lá.
Nos
dias que se seguiram, chegaram naves nodianas, conforme prometido. Fui um dos
gracianos que se encontravam a bordo do primeiro ― pássaro negro (como
chamávamos as espaçonaves nodianas) que saiu de Marte. Nunca passei toda uma
vida no planeta Terra, portanto não serei de nenhuma ajuda para descrever épocas
passadas da Barreira de Freqüência no planeta.
Vários
outros fatos poderiam interessar quem vem acompanhando as várias narrativas de
acontecimentos passados na Terra depois da destruição de Maldec. O marido de Doy
de Maldec, conhecido como príncipe Andart em sua primeira vida, foi identificado
durante uma recente corporificação na Terra como coronel Claus von Stauffenberg.
Sabe-se que o coronel von Stauffenberg foi responsável pela colocação e
detonação de uma bomba no lugar em que se encontrava Adolf Hitler. Essa
tentativa de assassinato fracassou e Stauffenberg (Andart) foi posterior-mente
capturado e executado. Parece que Andart ainda estava tentando parar a
matança.
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